Senti o perfume da saudade nos teus olhos.
Pressenti que não passaríamos de um passado
desprovido de peso,
nos teus beijos empoeirados,
nos teus abraços em branco e preto.
No lençol,
ato consumado,
eu não era mais do que um retrato pálido,
um fato
avesso a argumentos.
Tu sabias que eu sabia.
Mas sempre preferiste os palcos à ciência.
Eu também.
Que bem nos fez esse fingimento mútuo:
o que é o amor, senão uma farsa partilhada?
O sol subiu e afundou meus minutos:
era tempo, tinhas que ir,
fazer-te completa como uma libélula.
Saíste sem mala
sem palavra,
sem sorriso,
deixando-me aos vãos da vida.
Desde aquela noite,
Evito pensar em ti.
Talvez,
Pra não gastar as lembranças
que tenho de mim.